Parede rachada
telhado escuro
pó na calçada
caído do muro
Parede amarelada
sem tinta ou repasse
janela abraçada
no dia que nasce
O que vejo de repente?
duvido! aquilo é fato?
- uma velha no telhado
correndo atrás do gato?
A vizinha além do muro
espia de lá (alcoviteira)!
o pega-pega esquentado
da velha na cumeeira
Se a vizinha me contasse
eu diria: "ah isso é intriga!"
Mas eu vejo a velha e o gato
Quem irá ganhar a briga?
E rodopia a anciã
e funga, e resmunga, e vai
até que enrosca a perna
balança, equilibra e cai
Então a alegria atoa
gargalha num riso só
tudo brinca no quintal:
- o muro, a casa, o pó!...
Há peças no cotidiano
teatro sem texto ensaiado
equilibristas de circo
no palco de um telhado!
Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 06 de março de 1979.
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