sábado, 25 de julho de 2009

Ontem a noite


Ontem à noite estivemos juntos a olhar estrelas.
O mundo girou em sua órbita,
e nós passeamos pelas galáxias,
estáticas em nossos pensamentos.
Mesmo assim, amamos com profundidade
todos os minutos do relógio mágico da eternidade...
Viajamos, ah sim, perdemo-nos no infinito de nossas divagações,
e nos aprofundamos em nossas almas,
e delas trouxemos aqueles sonhos esquecidos...
Aqueles sonhos de tantas liberdades descobertas,
dos aquartelados das solidões...
de muitas vidas idas,
para além,
muito além da parada do dia da Pátria!
Ontem à noite estivemos juntos a relembrar velhos fatos,
rotas lembranças em antigas fotos.
Eu e você... "Paz e Amor!"
Fomos felizes aprisionados em ideais sufocados;
sentimo-nos realizados entre uma e outra canção "caetana";
pedimo-nos paixão,
e nos demos amor!
procuramos o êxtase,
encontramos ternura!
Ontem à noite estivemos juntos a subtrair medos,
para rememorarmos o futuro...!

Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 01 de Junho de 1993.

Amor


Ah!
e eu sei da tua existência
pelo cheiro do vento.
Mesmo assim,
não te encontro
voando pela brisa
nesses dias cálidos de verão.
Mas estás lá...
por isso,
acredito que existas!
mesmo que seja
um canto longínquo,
sei lá,
um pássaro azul,
uma cigarra fugaz...
É claro que a natureza
está longe,
e por todos os lados,
a cerca de concreto
abafa o som com
suas mãos de buzinas,
no entanto,
creio no teu aparecimento,
quando a noite
aponta negra
sobre o azul das montanhas...
feito estrelas cintilantes...
mesmo que chova muito,
e os relâmpagos
encham de medo
os meus aflitos olhos!

Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 24 de Janeiro de 1993.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Ócio


O canto esquerdo da sala observa-me passivo!
Impaciento-me com essa passividade,
tenho vontade de jogar-lhe algo!
Há vozes andando com passos de borracha no corredor.
Silêncio,
vozes,
passos de borracha...
O dia desloca-se segundo após segundo,
calma de quem tem toda a eternidade...
olho para o teto:
- duas lâmpadas fluorescentes trocam
suspiros e prótons e elétrons...
de repente...
não é mais apenas o canto esquerdo,
são o esquerdo, o direito,
o que está na frente
e o que vem atrás!
colocam-me no centro:
- interrogam o meu silêncio...
- cobram minha inadimplência...
- riem-se do meu desespero...!
- dissecam a fragilidade da minha quietude,
até arrancarem de mim um grito...
grito interior, mudo!


Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 18 de Maio de 1991.

Entrelinhas


Debruço-me sobre meus pensamentos vagos.
A solidão de meus olhos fechados
procura consciente algo azul...
Por forças incontidas,
suspiro!
Há algo de amor nas entrelinhas!
Tão certo quanto o céu estrelado
sobrevoo cada lembrança...
E os sonhos saltam a minha frente;
Ah, fantasmas de minh'alma errante,
até quando?
O céu em tons azuis convida-me...
Medito possibilidades!
Mas a solidão pouco sabe do perdão.
Congelado entre os semitons da paisagem,
respiro um ar que não é meu,
e rápto sensações nas nuvens.
Calço minhas botas,
tranco meu breve choro,
e saio a perseguir as rosas...

Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 19 de Setembro de 2001.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Reflexão



Em breve, quando todos se forem,
e o silêncio povoar os quatro cantos,
repetindo entre o eco das vozes
todos os seus comportamentos:
- talvez eu descubra seus vícios,
mesquinharias e apelos rotos...
Então descortinarei todos os meus defeitos!
Todas as minhas amarguras
refletidas nas atitudes fantasmas
espalhadas pelo o que sobrou da festa.
Todas aquelas mulheres bonitas e fúteis...
Todos aqueles homens elegantes e vazios...
Nada mais eram que o meu oculto eu!
Minha intolerância diante
daquelas pessoas, nada mais foi que autopunição;
revelando-me insubordinado
entre uma conversa e outra...
Sempre medindo e pesando
as palavras ouvidas,
logrando meu pensamento
ruminando a impaciência
e arrotando a soberba...
Medo mórbido de deixar transparecer
a inquietude de minhas inconstâncias,
refregas de minha alma
aflita pela eternidade de guerras,
mortes e sangue!
Hoje, dentre todos os olhos,
sinto ainda a amargura dos inimigos tombados,
das mulheres humilhadas,
e das crianças impiedosamente
massacradas em nome de ideais torpes.
Logro meu medo, porém, a consciência
bate em calafrios no espírito combalido.
Busco estrelas que me consolem,
e elas são as mesmas que encobriram
vários de meus crimes... e me cobram!
Talvez, depois da verdade,
seja o tempo de me encontrar
frente a frente com as minhas mentiras...
(Torná-las públicas de mim mesmo!)
Reclamar da Misericórdia Divina
o meu direito de remissão.
E diante do acima exposto,
Pedir perdão!
Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - Março de 2001.
2º Lugar de Interpretação no FESPROVE 2007 (Intérprete: Lúcio Marques)

Oração Cósmica


Pai nosso que estás nos céus, nas profundezas dos oceanos, nos altos das montanhas, nos berços verdes dos vales, nas correntezas dos rios, nas penumbras das cavernas, nas convulsões das cachoeiras, entre os ouros verdes das plantações e nos torvelinhos das grandes cidades; santificado seja o teu nome perante todas as estrelas, e todas as espécies animais e vegetais, e todos os homens, e todas as raças, de todos os credos, de todas as condições sociais; vem a nós o teu reino de amor, de segurança, de misericórdia, de perdão, de caridade, e, principalmente, de paz; seja feita a tua vontade que criou, que constrói e que mantém todo esse, e todos os universos em harmonia; assim na terra onde cursamos na escola redentora de nossas paixões, como no céu onde agraciados pelo fluído universal angariamos forças para o porvir; o pão nosso da carne, mantenedor do corpo material, e do espírito, que se constitui em ensinamentos tanto desta como de outras vidas; nos dá hoje como ontem e para sempre; perdoa as nossas dívidas para com a tua bondade, para conosco, para com o nosso próximo e para com toda a criação, assim como nós perdoamos todas as ofensas, as dívidas e os rancores; e não nos induzas em tentação, pois ainda perduramos nas trevas de nossa pequenez; mas livra-nos do mal e de toda sua geração, para que nós possamos em breve estarmos a serviço da tua seara.
Que assim seja!

Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - Maio de 2000.

Devaneios


Quase não sei a que horas foi...

tantas horas se passaram...

sei lá...!!??

dias, quantos dias...!!??

anos...!!???

séculos!!???

O que me importa a dor???

o amor passou sssssssssssssssssssupersônico........................

e a vida despiu-se por esses dias...

resta o medo...

medo da vida...

medo da morte!

mas todos devemos partir!

Não existem impecílios

para quem vai sozinho,

de formas

que sozinho volte,

sem deixar saudades...

sem trazer lembranças...!



Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 20 de Agosto de 1988.

Flores

Vejo as flores pelo caminho
e rejubilo-me com elas.
São tão lindas e alegres
andando ao vento com seus vestidos coloridos
Se a chuva acolhe-as em seu manto turbulento,
elas, arredias, brincam pelas correntezas...
Olho para mim e penso:
- que sou eu mais que as flores do caminho????
Se sou, sou muito menos!!!
O vento me cala de frio
e a chuva, só de vê-la, me resfrio...
Fico olhando as flores da janela
e me contento em tê-las no olhar!
Quem sabe um dia,
possa eu ser uma delas!??

Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG) - 12 de Janeiro de 1989.