Que o
dia, no seu pacato silêncio,
Mire-se
no espelho da noite, e morra a efêmera poesia!
Em volta
da mesa, os bichos trocam ideias sobre a política local...
Nem tudo
é coma alcoólico,
E os mais
eufóricos, estes, vão ao estádio assistir ao futebol!
Suas
mágoas esvaem-se na peleja...
No muito
da paciência, ouve-se um óóóóóóóóó... h!
É geral o
nervosismo roendo unha...
Sem
foguetório segue o jogo...
Muitas
coisas acontecem nesse meio tempo.
E,
perdendo tempo, outros seguem a ordem dos esquecidos...
... rumo
a um fim de rua...
Na casa
branca, um samba na vitrola.
As horas
roubam o domingo dos dorminhocos,
Enquanto
choram os subalternos pelas horas vindouras...
“sempre é
algo que se tem para sempre!”
Impregnado
no calendário imaginário do futuro...
E quanto
à bomba?
Que
bomba??
Bomba...
só se for aquela de encher pneu de bicicleta...
(bomba de
gasolina só serve para levar do bolso o dinheiro suado do mês)!
Na vila
dos operários... em todas as fachadas... em todos os muros:
- “Rosa
Eu Te Amo Você!”
É, os muros
são meras declarações de amor...!
E o amor
anda solto pelos muros...
E os
muros prendem almas abarrotadas de amor!
Gooooooooooool!
O rádio pula frenético no fundo da estante!
E dezenas
de foguetes... centenas de foguetes... milhares de foguetes...
Ufa!
Incontáveis estampidos rompem o prelúdio do luar...
“É,
somente um gol para levantar o moral!”
... e em
torno da mesa, os bichos continuam discutindo sobre o destino dos homens.
Sem cura,
todos levantam e reverenciam a noite.
Não
obstante a ilusão, dorme mais um descaso...
Não há
lágrimas... só espera...
Eterna
espera por chegar...
Pouso Alegre (MG), 17 de junho de 1982.
Otail Santos de Oliveira
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