Sopa na mesa!
A angústia vem para a sobremesa...
Nos olhos um sorriso amarelo,
Na boca os dentes da fome.
Tristeza soa como um nome
Sem o porte físico belo...!
Lençol de saco na cama!
O cansaço inaugura o drama...
Nas mãos a sorte do calo ardente,
Nos pés a recusa de andarilhos,
Na mente o ruído dos trilhos...
E o corpo transpira a aguardente.
O sol chega como uma morte!
O galo anuncia a má sorte...
O caminho é longo, a ansiedade é pouca...
O preço da passagem é um afano,
Mas lá vem o suburbano
Na sua metódica corrida louca!
É podre o dinheiro sofrido!
Mais, é por ele ter morrido!
Mas ele vai, briga e morre...
E toma o trem de volta para casa.
Antes no bar, a ilusão cria asa
E o coração cansado toma seu porre!
Sopa na mesa!
O desespero vem para a sobremesa...
Junto com a fome a desgraça...
E nada se faz quando é verdade,
pois nada se tem só de bondade,
que justifique essa vida sem graça!
Otail Santos de Oliveira - Pouso Alegre (MG), 20 de setembro de 1980.
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